27 junho, 2010

De volta para o passado

Na minha infância houve um filme, uma trilogia, que foi sucesso absoluta da minha audiência: De Volta para o Futuro. Esse filme, para os que não assistiram ou não lembram, tem momentos em que os atores conseguem avançar no futuro, e em outras ocasiões voltar ao passado (sem querer abusar das figuras de linguagem).


Hoje, domingo, 27 de Junho de 2010 me veio essa idéia... e se isso acontecesse comigo? Se a dez anos atrás eu entrasse numa máquina do tempo e visse como eu estou hoje, se ficasse cara a cara comigo, qual seria a minha reação?


A primeira coisa que o meu Eu do passado iria ficar surpreso era em não me ver na igreja em pleno domingo a noite... acho que o meu Eu atual iria decepcionar um pouco o meu Eu do passado... e sinceramente, não sei qual dois teria razão... pra isso acho que teria que viajar no futuro pra descobrir...


O problema também é que não podemos ver quais são os desdobramentos das nossas ações se tivéssemos tomados atitudes diferentes... não dá pra saber o que teria acontecido, se seria melhor ou pior... estamos arriscando o tempo todo. Apenas um confronto como esse é capaz de mostrar o quanto estávamos sendo inocentes nas nossas pretenções. Não sei se a maturidade é melhor que o ímpeto da inocência.


Acho que se o meu Eu do passado tivesse a chance de fazer algumas perguntas, a primeira seria pelos meus sonhos, o que aconteceu com aquelas propostas ousadas que eu tinha que me faziam ir aos prantos responder aos apelos missionários? O que houve com o Projeto Oficina de Sonhos? E tinha mais gente sonhando comigo, onde estão eles?


Não sei como seria esse confronto comigo... e muito menos sei se devo dar alguma satisfação da minha vida atual ao meu Eu do passado, pois tem coisas tão difíceis de explicar que eu não conseguiria explicar pra mim mesma. O meu Eu do passado encontrava um tipo de conforto na igreja que atualmente não sinto mais, não preciso, não me faz falta. Terão sido as decepções com os erros dos outros? Acredito que não só isso... afinal de contas, sempre existiram erros.


Acho que a verdade é que eu não preciso mais... “aprendi a me virar sozinha”, descobri outras alegrias, outras diversões... é isso.


E se o meu Eu do futuro me encontrasse? Aí sim, é um mistério total, eu poderia perguntar se tomei as decisões certas, se o caminho era mesmo esse... e perguntar também se ele descobriu em que momento deixei Deus no meio do meu caminho. Porque hoje eu sei que eu, as poucos fui deixando Deus.. Não sei se isso aconteceu por que eu deixei a igreja, pois sei que são duas coisas diferentes... fico tentando lembrar e não consigo. Sei que fui deixando de ler a bíblia, e hoje não sinto a menor falta. Fui deixando de orar, e achando até ridículo quando alguém o faz.... lembro de Deus às vezes, principalmente quando passo alguma situação de apreensão... mas passo dias e dias sem me lembrar dele. E posso dizer sem sombra de dúvida, que consigo ser feliz assim. Aquele tal vazio as vezes aparece, mas depois eu preencho meu tempo, e pronto! Tá tudo resolvido.


Espero que Deus não cobre as promessas que fiz a ele, pois foram muitas... coisas do tipo: responder o chamado, ser a voz de Deus para o próximo, dar a minha vida pelos pobres, estar com Deus todos os dias da minha vida... até agora, passei foi longe de cumprir alguma delas, e olha que tem um monte que eu não me lembro, só Deus mesmo...


Porém, o que eu quero mesmo que aconteça é que o meu Eu do futuro diga que isso foi uma fase, que foi um momento que passou e que depois as coisas se tornaram muito boas entre Deus e Eu. Pois apesar de conseguir viver muito bem do jeito que eu estou, de conseguir me realizar e ser feliz assim, devo confessar que sinto falta dele, não o tempo todo, mas quando eu sinto é massacrador. Porque no final, não vai importar os concursos que eu passei, os mestrados, os cursos que fiz ou as roupas que comprei, não vai ser disso que eu vou me lembrar no último momento da minha vida, em que o futuro deixar de existir, e o presente também.



Monica Josiane Coelho